Niterói

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Alunos da UFF criam site para mapear crimes

Por: Juliana Sampaio 24/08/2011

Na página, qualquer pessoa pode marcar em um mapa virtual da cidade, o dia, a hora e o local onde sofreu algum tipo de violência, seja assalto, racismo, homofobia ou violência sexual

Para protestar contra a onda de violência no entorno dos campi, alunos da Universidade Federal Fluminense (UFF) resolveram montar esta semana o site intitulado “Crimes contra estudantes de Niterói” <http://crimes.emniteroi.com.br/>. Através da página recém-criada na internet, qualquer estudante poderá marcar em um mapa virtual da cidade, o dia, a hora e o local exato onde sofreu algum tipo de violência, seja assalto, racismo, homofobia ou violência sexual. Em menos de 24 horas no ar, 18 relatos de crimes já haviam sido postados na página por alunos.
“O objetivo [do site] é alertar, principalmente, aos alunos que não são de Niterói, pois muitos pensam que qualquer rua aqui na cidade é tranquila, apenas por estar localizada no Centro ou por ter uma bela paisagem. Além disso, o site também pode ajudar a Polícia Militar a escolher melhor os lugares onde patrulhar. A iniciativa é livre, sem donos. É uma espécie de Wiki (coleção de páginas interligadas em cada uma delas pode ser visitada e editada por qualquer pessoa)”, conta um dos alunos envolvidos, João Fenara, estudante de jornalismo.
Ciente da violência ao redor dos campi, o reitor da UFF, Roberto Salles, alega que já enviou mais de 20 ofícios para o Governo do Estado pedindo reforços na segurança. Mas segundo ele, até o momento não houve uma solução.
“Onde está a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro do Estado e do Palácio? Os bandidos do Rio estão vindo para Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, todo mundo sabe disso”, cobra o reitor.
O chefe-adjunto da seção de Planejamento do 12º BPM (Niterói), tenente Bruno Andrade, argumenta que apesar das queixas dos estudantes universitários, existe policiamento ao redor dos campi. O que acontece, segundo ele, é que a maioria das vítimas não registra queixa na delegacia da área, o que dificulta o trabalho da PM, que acaba sem conhecer os delitos que ocorrem na área.
“O policiamento é realizado 24 horas por dia, com um destacamento específico para patrulhar a saída dos estudantes das aulas até às 23 horas. Mas para a polícia fazer o seu trabalho, é preciso que todos os alunos registrem as ocorrências para que o setor de Planejamento tenha dados concretos para trabalhar”, frisa.
Procurada, a assessoria de Imprensa da Secretaria de Segurança Pública disse não ter recebido os ofícios enviados pelo reitor da UFF.
Universitários viram vítimas
Segundo os estudantes da UFF, quem estuda no turno da  noite sofre mais com a falta de segurança no entorno dos campi, pois as ruas desertas tornam-se, segundo eles, um convite para os criminosos. Os alunos contam que por questões de segurança, professores estão encerrando as aulas mais cedo, bem antes das 22 horas, prática que também estaria sendo seguida por docentes de outras universidades do Centro.
Uma das recentes vítimas da violência naquela região é a estudante de jornalismo Aline Bonatto, de 23 anos. Ela conta que foi atacada na última sexta-feira, às 21h15. A universitária estava com um grupo de amigos, totalizando oito pessoas, que deixava o  Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS) na Rua Lara Villela, em São Domingos, em direção à praça da Cantareira.  De repente, os estudantes foram abordados por dois homens em uma moto. Um dos bandidos desceu do veículo e ordenou que os estudantes entregassem mochilas e bolsas. Ele apontou uma arma para  a cabeça de Aline. O caso foi registrado na 76ª DP (Centro).
“Não tinha como correr, fiquei ali na mira da arma”, relata bastante assustada com o incidente.

O FLUMINENSE

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